maio 10, 2011

Capitulo XXI

Alexandra lembrava-se bem que, durante vários meses, teve acesso a três casas, na SL, claro…
A primeira mantinha, juntamente com Combi, já há vários meses. A relação, entre eles, além de ser conflituosa era também engraçada e amigável, pois era o motivo principal, dessa cumplicidade. A segunda casa, era a de Michel, porque, embora o conhecesse depois, era com ele que o sentimento de confiança e segurança dominavam. A terceira casa, era a gruta que lhe ofereceu Rocky, unicamente sua…

Alexpinheiro ainda mantinha o contacto com Bertrand, desde há mais de um ano, porque apesar de certos desentendimentos estarem presentes, a amizade mantinha-se. Foi ele também que se ofereceu para traduzir os seus contos em alemão, linguagem dominada por ele, e ideia que Alexandra gostou. Respeitavam-se bastante e entendiam-se bem, pois existe constantemente um lugar, no nosso coração, para cada ser humano, e em cada circunstância.

Com o Natal novamente à porta Alexandra queria muito enfeitar as suas casas, e assim fez. Algumas coisas adquiria-as, comprando-as ou conseguindo-as obter grátis, pois evitava pedir, algo mais, ao seu amigo que já lhe tinha dado muito. Após ter dado a conhecer a sua, casa, gruta a Ilária, que também adorou, ela ofereceu-lhe um lindo pinheiro cheio de neve que Alex colocou no centro da gruta.
Foi depois de mandar o desejo de boas e santas festas a alguns amigos, que Alexpinheiro reparou que muitos deles já não contestavam na sua lista. Lembrou-se da pessoa que, um ano antes, lhe dissera isso mesmo, só que agora até ele desistiu de estar em contacto com a própria. Mas era mesmo assim, os conhecimentos são como as cerejas, suculentas, agradáveis e saborosas enquanto duram, mas por vezes amargam ou apodrecem, quando queremos aprisionar esses únicos momentos. Sim, e justamente porque são oportunidades únicas, nos escapam por entre os dedos, como grãos de areia, sempre que desejamos agarra-los.

Certas vezes, Nyne pedia-lhe para mostrar e exibir, a alguns curiosos, a sua filha, Manuela, e comentar como aconteceu, e Alexandra assim fazia, dando a conhecer a sua experiência. Mas no fim quando ficavam a sós Alex deixava a curiosidade falar.
- Olha Nyne, se eu quiser que o meu bebé cresça ou se transforme num avatar normal, porque já vi crianças avatares… o que faço, para que isso se concretize?
- Boa pergunta, mas não sei, ah, ah, ah…
- Ah, ah, ah, haja alguma coisa que não sabes!
- Ninguém sabe tudo e eu ainda tenho muito para aprender, eh, eh, eh!
- Estou a ver que sim, ah, ah, ah.
- Ate tu me ensinas, eh, eh!
- Ensinamo-nos mutuamente, eh, eh.
- Lembra-te que foste a minha primeira experiência, a única que ajudei no parto! Eh, eh.
- Pois, deixa lá, é só curiosidade, ah, ah, ah.
- Mas, tu querias mesmo que ela crescesse, como uma criança? Posso saber isso!
- Deixa, assim é melhor, ao menos não me chateia, está sossegadinha no meu inventário e só sai de lá quando quiser. Ah, ah, ah.
- Pois, eu também tenho alturas em que só me apetece, que os meus filhotes fossem assim… arrecadava-os cada vez que me chateassem e pronto, ah, ah, ah.
- Ah, ah, faço ideia…
- Que mazinha sou, mas isto é só um desabafo, ainda bem que me chateiam pois é sinal que existem.
- Sim, pois tudo tem o seu preço, chateiam-te mas também te fazem sentir amada…
- É verdade, os beijinhos cheios de miminhos e carinhos que trocamos vale por tudo o resto.
- Imagino que sim.
- Podes crer, é a principal razão de nos fazer sentir vivas, amadas e úteis, eh, eh.
- Ai, ai e então o marido? Ah, ah.
- Ah, ah, são casos à parte, o amor nunca é igual… pode ser do mesmo tamanho, mas sempre diferente.
- Ah pois, são tal e qual, como os dedos das mãos, todos nossos mas todos diferentes… todos úteis mas cada um com o seu valor e seu propósito.
- Exactamente. Bom, voltando à tua filha…
- Por agora fica assim, arrumadinha e sossegada no armário, acho que está melhor que eu, ah, ah, ah.
- Achas, quando é que lhe vais dar um padrasto?
- Ainda não penso nisso… tenho tempo…



Foi a seguir ao Natal que Combi a apagou de vez, da sua lista de amigos. Tudo isto por causa de um mal entendido e talvez um pouco de ciúme à mistura, da parte dela… pois tinham feito amizade com uma novata da SL e francesa. A qual Alexpinheiro ajudou, confiou e travaram amizade, passado algumas semanas, apercebeu-se da frieza e rejeição perante ela e da cumplicidade entre, Combi e a novata, então achando-se a mais foi-se afastando.
Perante esse facto, Alexpinheiro sentia-se rejeitada e mal amada, pelos mesmos. Mas, tudo bem, pois ninguém tem a obrigação de gostar da mesma maneira nem das mesmas pessoas. Sentia que recusavam essa amizade, e pior ainda foi a maneira de o demonstrarem. Porque o relacionamento entre eles durou um ano, mesmo depois de ele saber a causa dela ter iniciado, a sua Second Life, ou melhor, sobre o seu problema de saúde.
Alex sentia uma grande tristeza por ver a amizade acabar assim, mas feliz ou infelizmente tudo tem um fim. A frustração, a amargura e as decepções por vezes falam mais alto ou obrigam-nos a dizer palavras que deveríamos evitar. Talvez os problemas fossem mais difíceis do que parecem, ou então a nossa maneira de os acolher, já está demasiado frágil e machucada.

Alexandra, tristonha e imaginando o que viria a seguir, ou melhor, o que não viria, deixou o orgulho falar mais alto e disse-lhe o que não devia. Tudo isto por ver uma amizade, tão louca e bonita, evaporar-se pouco a pouco, e dizia-se que era injusto, essa forma de agir. Porque ela só desejava guardar a amizade deles, mas por mais que ansiasse prender esses momentos, só os sufocava cada vez mais... Então achou melhor despedir-se, mas antes, dedicou-lhe este poema:

Quand tu sentiras que la vraie raison devient, un peut, folle…
Et égoïste dans ta tête… ne t'inquiètes pas...
Car l'amour fait son nid, dans ton cœur…
En ramassant tous les petits bouts de bonheur…
Parce que chacun d'eux a son goût, toujours, spécial...
Dit-toi a chaque instant, qu'on doit vivre chaque jour,
Comme si c’était le dernier... et cherche dans la poussière de ton
Amour, les moments qui font de toi un être heureux...
Parce que chaque instant a sa place et sa valeur.

Magoada nessa relação, pois era mais uma… e não seria a última… porque, para tudo existe um preço. Para vivermos certos momentos de felicidade, temos que pagá-los, e a paga são essas ocasiões menos boas ou inaceitáveis, mas também obrigatórias.
Alexandra mantinha contacto com os outros amigos, mas cada caso é um caso, a maneira de gostar varia de pessoa para pessoa, enfim o sentimento nunca é igual. É como a chuva quando cai, cada gota de água desfaz-se, ou evapora-se, sempre em lugares diferentes saciando um pouco a sede, em cada sítio, e assim refresca e dá vida aos quatro cantos do mundo.

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