maio 10, 2011

Capítulo XVIIII

Desse modo, Alexandra e Michel, continuaram a encontrar-se, dentro dessa segunda vida e cada vez que essa oportunidade surgia. Dançavam juntos e conversavam sempre que possível, e foi assim, num desses momentos que decidiu revelar-lhe a verdade, sobre o seu estado de saúde. O medo que ela sentiu ao contar-lhe esse problema foi também o que lhe deu coragem, de prosseguir, pois tinha receio de perder mais um amigo, mas devia-lhe isso, porque ele também fora sincero com ela e depois seria o que tivesse que ser... Quando ele ficou sabedor, da novidade, disse-lhe que em nada mudariam os sentimentos que os unia e que a verdadeira amizade, unicamente, se sente...

Levou-a para conhecer a casa que ele tinha construído, dentro da SL.
- Que linda… está tão bem feita! Dizia Alex ao sentar-se na varanda, num grande cadeirão que lá permanecia, e ao contemplar a casa, com a imitação de pedra mármore.
- Obrigado, fico contente que tenhas gostado, e podes vir cá sempre que queiras, pois está quase sempre deserta.
- Obrigada, pela autorização, mas para vir aqui sozinha… é chato, é preferível vir contigo.
- Como queiras, mas anda ver o resto.
- Sim vamos…
Depois de passar a porta da varanda e entrar na divisão, onde permanecia uma cama, sendo a única mobília, ela viu que duas paredes eram transparentes.
- Está muito bem feito… com as paredes em vidro…
- Como podes apreciar, esse vidro é opaco, ou seja daqui para fora vê-se mas não ao contrário.
- Óptimo, fica tudo mais íntimo…
- Claro, Vamos descer.
As escadas, situadas ao lado da cama, levavam ao patamar de baixo, que devia ser o salão, onde existia um simples sofá e uma mesinha redonda.
- Foste tu que construíste isto? Muito bem!
- Só algumas coisas. Como já te tinha dito, por vezes entro neste universo para me refugiar da rotina. E assim, divirto-me ao tentar desvendar alguns dos segredos aqui existentes, por exemplo: de como tudo se constrói, de como se colocam os objectos e de como se usufrui cada parcela, enfim… um pouco de tudo, além do meu trabalho real fazer parte do mesmo ramo, a informática, e me facilite esse problema, gosto de descobrir o que ainda não sei.
- Eu sou exactamente ao contrário, não me sinto atraída pelo desejo ou pela necessidade de construir, embora sejamos obrigados, aqui dentro, em saberemos o essencial. Acho que o mais importante é a comunicação entre as pessoas, mas também me considero um pouco como tu, a nível de curiosidade e descobrir.
- Claro… nesse ponto, também estou de acordo contigo… o mais importante é a convivência…
- Pois é, basta observares que eu é que meti conversa contigo e te convidei para dançar, ah ah ah…´
- É verdade… ah ah ah…
Conversaram mais um pouco e Alexandra viu que chegava a hora de se recolher.
- Adorei falar contigo mas… tenho que ir, a vida real chama-me ah ah ah, até amanhã.
E assim se despediram até ao dia seguinte.

Alexandra, depois de se conectar, após uma noite mais tranquila, viu que acordara, exactamente, no mesmo sítio onde tinha deixado o seu “avatar”, na noite anterior, algo perfeitamente normal... Era o salão da casa de Michel, quase deserto, depois de verificar novamente a divisão, matutando algo, ela subiu, desceu, saiu e entrou várias vezes, quando decidiu fazer-lhe uma surpresa.
Foi então, escolhendo e poisando alguns objectos que ela continha no seu inventário, e os quais lhe tinham sido oferecidos, pois eram copiáveis, ou seja podiam dar-se continuamente.
Reparou que o salão ficou mais acolhedor, depois de ter colocado três quadros de paisagens simples, em preto e branco, nos muros vazios, e um vaso de rosas coloridas, em cima da mesinha. Ainda bem que teve a ajuda de Nyne, para conseguir mexer neles... mesmo em IM, a ajuda foi importante... pois todos os dias se aprende algo novo...

Olhou novamente, agora mais satisfeita, para a obra acabada de fazer, e subiu as escadas que levavam à divisão da parte de cima, o quarto. Esse continha somente a cama, onde, Alex colocou mais um quadro colorido e com anjos, na parede, por cima da mesma. Com mais um anjo de flores com corações, assim ficou a casa mais composta. Alexandra gostou de avançar mais esse paço, positivo, e perante essa novidade, perguntava-se constantemente: E se ele não gostar? Pois fiz tudo isso sem ordem dele e em casa dele... mas também, posso rapidamente, desfazer o que fiz...
Assim, antes de partir em mais uma aventura, deixou-lhe a seguinte mensagem: Eu sei que abusei da tua confiança, por isso, desculpa e se não gostares ou não quiseres, essa decoração, diz que eu tiro, desculpa uma vez mas só te queria fazer uma boa surpresa.
Nesse fim de tarde, logo que ele entrou Alex iniciou conversa.
- Olá boa tarde.
- Olá, estou a ver que estiveste entretida...
- Sim... e qual é a tua opinião?
- Uhmm... ainda não vi tudo...
Uns segundos depois Alexandra continuou:
- Se achares preferível eu desfazer, basta dizeres... porque, eu unicamente queria dar um ar mais alegre a essa casa...
- E conseguiste... porque está realmente mais acolhedor.
- Ainda bem que gostaste...
- Claro, com este toque feminino fica logo com outro aspecto, muito mais bonito e cheio de cor.
- Obrigada... mas gostei muito de fazer isso...
- Eu é que tenho que agradecer, pois deste um pouco mais de vida à minha casa.
- Não tens nada, gostei muito de conhecer a tua obra...
Alexandra respirou fundo, mais aliviada, e trocou com ele mais algumas palavras de amizade despedindo-se em seguida.

O dia três de Abril chegou, era o seu quadragésimo segundo aniversário, na vida real. Rocky insistiu com ela para concordar em festejar esse acontecimento, na Second Life, mas ela rejeitou essa ideia, simplesmente, porque recusava relembrar-se que mais um ano, nessa situação indesejada, passava por ela…
Embora ela soubesse que infelizmente existem problemas piores e tivesse plena consciência, de que apesar de tudo não se encontrava assim tão mal... Ou talvez sim, a sua lucidez pode ser a causa do seu maior sofrimento…
Nessa noite, depois de conversar, sobre esse episódio, com Michel, ela gostou de o ouvir dizer:
- Oh, parabéns... apetece-me fazer-te uma surpresa.
- Obrigada... mas não vale a pena...
- Claro que vale, espera um pouco…
Passado meia hora, ele regressou, para casa e onde ela estava, dizendo-lhe para vestir o que acabava de lhe oferecer pois desejava leva-la a dançar...
Ela assim fez, era um lindo vestido lilás, com um grande e belo decote, sem costas e pelos pés com luvas e dois folhos, um sobreposto ao outro. Alexandra já não tinha pressa em desligar o computador nem em cumprir o horário habitual, porque, uma amiga, lhe tinha oferecido, uma “Net Móbil”. Por isso era possível conectar-se estando na cama, algo que a facilitava bastante.
Foram então dançar num grande salão, de um lindo castelo, com o chão transparente, arranjos de flores coloridos e pares de bolas "azuis e cor-de-rosa" com diversas danças.
Foram duas horas inesquecíveis, onde Alex se sentia uma princesa num conto de fadas…

Quando a voz do teu instinto, te chamar… segue-a, pois vai valer a pena…

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