maio 10, 2011

Capítulo VI

Alguns dias após o primeiro contacto, Alex conseguiu vestir umas calças de ganga e uma simples blusa preta, que fazia realçar o seu cabelo cor-de-rosa. Eram algumas das peças que lhe foram oferecidas pelo seu primeiro conhecimento. As restantes roupas continuavam, todavia, invisíveis mas com a indicação de permanecerem no seu “inventário”. Pois, tudo era, ainda, desconhecido, sem saber como usa-las nem vestir-se convenientemente.

Passados dois dias, Alexandra já se sabia vestir e sentia-se contente com esse grande passo. Sim, porque estamos sempre em tempo de aprender, seja qual for o objectivo. O desejo de todo o ser humano é encontrar sempre a novidade: seja para fazer ou desfazer, achar qualidades ou defeitos e, até mesmo, dificuldades e desafios. Mas com a necessidade de descobrir constantemente algo.

- Olá! Leu ela de alguém que escrevia atrás de si, assim que chegou a um sítio acabado de desvendar, pois seguia sempre na direcção dos pequenos pontos verdes, os quais marcavam presença no mini-mapa, pois era sinal de pessoas online.
- Olá! Respondeu Alex sem saber a quem, mas também não era o mais importante.
- Tudo bem contigo? Estou a ver que és portuguesa e novata, espero que te desenrasques bem.
- Faço por isso, obrigada, mas como sabes isso? E tu quem és?
- Também sou português, e vejo isso no teu “profile”, como tu podes ver no meu… mas nem tudo é verdade, qualquer um pode mentir, como sabes.
- Pois, está certo, mas mentir para quê? Acho que não ajuda, é preferível ficar calada, não achas?
- Sim… nunca ganhamos nada com isso, mas ficamos sempre na dúvida, por exemplo, neste momento não sei se estou a falar com uma mulher, ou com um homem?
- Ah, ah, ah e se fosse um rapaz, havia algum problema? Pois eu também fico na dúvida quanto a ti!
- Claro que não, seria igual, ou melhor, parecido, pois estou a gostar desta conversa.
- E eu também, ah! mas por hoje, acho que chega de conversa, porque infelizmente vou ter que sair do programa.
Recorda-se bem que esse foi um dos primeiros conhecimentos portugueses, e lembra-se do que ele lhe disse, antes de trocarem amizades e se despedirem:
- Aqui dentro os muitos contactos que vamos adquirindo também se vão afastando, isto é mesmo assim… tudo vai mudando, por um lado é bom, porque não conheces quem está por trás da máscara, do “avatar” mas ficamos sempre um pouco desiludidos, porque a amizade acaba rápido.

Na terceira tarde, Alexpinheiro continuou a caminhar um pouco mais, partindo do sítio onde fizera o segundo contacto e em direcção a mais um ponto verde, que se fazia notar, mais à frente. Embora não encontrasse, ainda, um motivo forte para continuar com essa aventura, também não tinha nenhuma razão para desistir agora daquela ideia. Por isso, ela continuaria com este desafio, sonho ou exploração, que a levaria a algum lugar... Fosse qual fosse o resultado acabaria sempre por ganhar.
Avançava com a curiosidade à flor da pele, ao saber que descobrira uma nova pessoa nesse espaço. Ficou ainda mais satisfeita quando viu que a imagem que permanecia à sua frente, não era nem mais nem menos que a do seu professor da SL.

- Olá, até que enfim! Exclama ela como se descobrisse uma luz ao fundo do túnel.
- Olha quem ela é!
- Já não era sem tempo encontrar alguém conhecido. Como vai?
- Comigo vai tudo bem. Então e tu? Como vai essa saúde?
- A saúde vai indo... Porém, muito embora eu quisesse que a minha situação clínica estacionasse, infelizmente ela não me obedece, responde Alexandra, dando uma gargalhada.
- Assim é que eu gosto de te ver bem-disposta. Disse-lhe ele com um sorriso.
- Pois que remédio! Faço por isso, o inverso não resolve nada, antes pelo contrário...
- Parece que te estás a integrar aqui dentro, ou será que estou enganado? Sabes que te vejo sempre, cada vez que entras ou sais da SL. Aliás, como vejo todos os outros que tenho adicionados à minha lista de amigos. E estou a gostar de ver...
- Ai é, ainda bem! Com respeito a Alex, parece que está a gostar desta aventura. Quanto a mim, Alexandra, sinto-me, realmente, ainda um pouco sozinha, sem saber como nem o que fazer. Vais ter muito que me ensinar…
- Não digas isso, já sabes umas coisas e, todos os dias, aprenderás algo mais.
- Sim, é verdade: hoje sei mais que ontem e menos que amanhã. Mas é claro que preciso de saber muito mais aqui dentro.
- E eu estou pronto para te ajudar em tudo o que precisares. Basta chamares ou falares-me, sempre que eu estiver “online”. Sei também que tu tens, igualmente, algo para me ensinares. Aliás, todos nós sentimos a necessidade de partilhar e pedir conselhos sobre certas aventuras, nem que seja só para ajudar a encarar melhor esta vida. E tu tens esse dom…
- Fica prometido que te irei chatear muito… Também estarei sempre disponível naquilo em que, casualmente, te possa ajudar. Mas agora vou ter que me recolher… como vês, também tenho horários a cumprir, embora diferentes…
- Pois, e eu fico por aqui mais um pouco…
Alexandra ficara muito satisfeita, depois desse encontro, pois tinha acabado de encontrar mais uma excelente razão, para seguir em frente com este novo objectivo. Com mais confiança em si própria, trocou ainda algumas palavras de amizade com o seu “professor” e amigo da primeira e segunda vida, e despediram-se.

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