maio 10, 2011

Capítulo IX

Naquilo que parecia areia e sempre à beira mar, Alex caminhava, enquanto aguardava também a chegada do seu amigo. E, dentro dessa utopia, podia ver e ouvir perfeitamente as ondas, que pareciam reais, acariciarem e segredarem com as rochas. Quando, de repente, viu esse nome tão ansiosamente esperado: Rocky Musasky, que era o nome do “avatar” do seu professor.

Depois de ele lhe apresentar mais alguns amigos e colegas e, inclusivamente, a sua mulher da vida real, retirou-se, pois ainda tinha trabalho à sua espera. Mas antes de se ausentar prometeu-lhe uma surpresa para breve. Deixou-a na companhia de Nyne, o nome da representação de sua esposa, a qual convidou Alex a participar numa aula dirigida pela mesma e prestes a começar.
Alexandra recusou simplesmente, porque não era isso o que o seu íntimo esperava. O mais ansiado por si correspondia, apenas, a amizades interessantes e conhecimentos divertidos e saudáveis. Enfim, relações que valessem a pena…
Pelo menos, por agora, o seu interesse consistia em descobrir e aventurar-se em novas sensações. Sim, essa era a razão de recusar qualquer tipo de trabalho.
Não tinha dinheiro, nesse jogo, programa ou segunda vida, mas também não era importante. Sem ser esse o seu objectivo principal, pelo qual se sentiu atraída e se aventurou, era conhecedora, que o dinheiro, também era essencial, lá dentro. Havia pessoas que trabalhavam nesse programa, pois era uma maneira de ganhar dinheiro, mais facilmente. Enquanto outras, faziam exactamente o contrário, porque podiam jogar ou dispensar autênticas quantidades, ou melhor podiam e tentavam viver os luxos que na vida real não tinham. Era um refúgio ou um escape onde o sonho e a realidade se cruzavam diversas vezes.

Voltou novamente para o jardim que melhor conhecia, pois já lhe era um pouco familiar. Sendo grande e estando maravilhosamente bem decorado, ainda possuía muitos esconderijos para descobrir. Mas Alex sentia-se apta para explorar os variadíssimos recantos, os que para ela ainda eram desconhecidos.
Alexandra relembra nitidamente, da primeira “imagem”, do primeiro homem que lhe despertou o interesse, nesse mesmo jardim e alguns dias antes.

No pequeno mapa estavam vários pontinhos verdes, o que queria dizer, que muitas pessoas permaneciam ligadas a esse programa e no mesmo local. Após encaminhar Alex, ou seja, a si própria, para esse sítio… o que era um salão de baile ao ar livre e onde, as bolinhas cor-de-rosa e azul, estavam espalhadas pelo chão. Por cima de algumas dizia, ”slow dance”, outras eram de valsa, tango etc… As que ela experimentou clickar e assim, pôr-se em movimento de dança, mas ela continuava imóvel.
Soube o porquê, quando viu mais pessoas fazerem exactamente o mesmo, mas com a diferença de haver um par. Por essa razão, haviam diversas pessoas a dançar com os passos certos, mas como estavam acompanhadas tudo se tornava mais fácil.

Alexandra viu que perto do sítio onde ela estava, permanecia um homem, sozinho e elegantemente vestido de preto. Ela deduziu que era Francês, pelo nome bem visível sobre a sua cabeça, pois era a sua segunda língua.
Como ela continuava em posição de dança, sozinha e parada, resolveu meter conversa com ele e convidou-o para dançar, dizendo-lhe somente:
- Do you dance? Esperou pela reacção pensando ser positiva!
Como ele continuava sem se mexer, Alex questionou-o novamente, imaginando estar certa:
- Fala francês? Perguntou ela, directamente e um pouco tímida, na sua segunda língua.
- Sim, eu sou! Respondeu ele.
- Ainda bem, pois assim sinto-me mais a vontade, porque falo muito pouco de Inglês. Diz ela suspirando.
- Comigo passa-se a mesma coisa. Respondeu ele, mas continuando a conversa disse: - Já agora, tu és homem ou mulher? Pois eu estou na dúvida, convidas-me para dança mas tens nome de homem, usas calças mas tens cabelo cor-de-rosa!
Alexandra sentiu uma enorme vontade de rir, e riu-se sozinha, ao ouvir esse comentário, o que não deixava de ser verdade.
Sim, porque embora nós estamos presentes, mentalmente, a dúvida permanece.
- Podes ficar tranquilo que quem está a falar contigo não é mais que uma mulher, uma pessoa de carne e osso, que embora seja representada por uma boneca, é humana.
Alexandra sentindo-o mais à vontade, iniciou uma dança, conversaram mais um pouco fazendo-se perguntas, tanto banais como normais. Pois eles estavam curiosos desejando saber, um pouco mais um sobre o outro.
Passaram bastantes minutos, depois de se darem a conhecer, um pouco do lado humano, trocaram os seus contactos. Foi então o princípio de uma grande amizade, ou pelo menos a pessoa mais sociável que Alex conhecera até então.
Chegava a hora em que Alexandra teria que se recolher, ou melhor desligar-se desse programa. Despediram-se então, marcando um novo encontro para a noite do próximo dia ou, talvez, da próxima semana... pois tudo era incerto...

Um caminho pode medir centenas de metros, mas se ninguém o usar desaparece…

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