maio 10, 2011

Capítulo IV

A sua vida real continuava ali, sempre presente e repleta de momentos vazios, que eram demasiado complicados...
Mas, embora Alexandra continuasse consciente desse facto, também desejava encontrar algo desigual, novo e recente, algo que a ajudasse a descobrir o sentido positivo desta vida. Não, não podia deixar passar mais esta oportunidade, esta oferta do destino, pois sempre gostou de experimentar a novidade. E agora com a coragem, vontade e optimismo de continuar esse caminho, tudo ficava muito mais acessível. Pensou também na possibilidade que se abria à sua frente e que a levaria a algum lugar, graças às novas descobertas da tecnologia.
– Mas seria bem assim? Questionava-se ela, ao mesmo tempo que fazia a comparação…
E, nesse fim de tarde, continuou novamente e confiante, o caminho que Alexpinheiro, a sua “avatar”, tinha iniciado.

Os pouquíssimos conhecimentos ou “contactos” que ela já tivera, como os do “professor” e pouco mais, permaneciam “offline”. Pois ela ainda pouco sabia, por não ter prestado a atenção devida ao que lhe fora dito ou explicado, simplesmente porque nessa altura se mostrou desinteressada.
Sim, os nossos erros só servem para nos ensinarem, no momento certo, e junto deles descobrirmos a melhor maneira de nos desenvencilhar. Por isso não iria desistir agora, justamente quando se via perdida e sem o conhecimento necessário para dar o próximo passo, mas Alex sentia-se apta para descobri-lo. Sairia sim, mas num momento vitorioso e quando ela própria o desejasse.
Haveria de descobrir uma maneira viável, de se interessar por este programa, pois ele continha a sua verdade.

Na tarde seguinte o processo foi exactamente o mesmo e Alexandra continuava perdida. Engraçado e também curioso estar perdida numa caixa tão pequena! Então, dizia-se que, afinal de contas, ela estava ali para aprender… Porém, neste momento, sentia-se ainda um pouco abandonada e vazia, isto graças ao pouco interesse anteriormente manifestado, pois só se aprende ao fazer com que todos os possíveis sejam validos e ao enfrentar qualquer tipo de circunstância.
Alexandra interrogava-se, dizendo: para uma pessoa que se mostrara indiferente e sem vontade de experimentar este novo universo, a culpa era só sua pelo pouco que ainda sabia, mas a vontade de querer saber mais já permanecia bem presente.
Os dias seguintes foram idênticos ou quase, Alexpinheiro continuava sem saber o que fazer, tudo era estranho e desigual, por vezes pensava desistir, mas o desejo de seguir em frente já era bem visível: ela entrava mas saia alguns minutos depois. Além de se sentir perdida achava que não havia lugar para ela naquele mundo, mas, mesmo assim, tentaria. Pois a futura possibilidade de encontrar alguém estava sempre à espreita.

Os dias e as noites passavam quase iguais, e a tarde de mais um dia, de calor, regressava. Alexandra, após ter escrito um pouco sentiu vontade de “refrescar as ideias” e mergulhar novamente nesse recente
mundo.
Então, com a curiosidade e o optimismo à flor da pele, fez o mesmo procedimento dos dias anteriores, e eis que “renasceu”, exactamente no mesmo local onde tinha deixado o seu “avatar”, ou seja, no fundo do mar.
Alex continuava em bikini e cabelo cor-de-rosa. Embora fosse esquisito, como cor de cabelos, fora a cor escolhida por ela, pois, além de ser uma das preferidas, era deveras invulgar.
Viu que estava completamente sozinha, dado não haver nenhum sinal que indicasse que outras “pessoas” estivessem ligadas a esse programa.
- Ah ah claro que ninguém gostaria de estar neste lugar, no meio do nada, dizia ela para si mesma.

Sentiu novamente a curiosidade em querer explorar um pouco mais desse novo mundo, mas achava-se completamente perdida. Embora permanecesse debaixo de água, era como se estivesse no meio do deserto e sem saber o que fazer, nem para onde seguir. Porque apesar de não se encontrar ali fisicamente, permaneceria lá emocionalmente e inclusive com todos os sentimentos.
Depois de respirar fundo, carregou na tecla de voar e levantou voo, subindo por cima do mar e das nuvens. Era um espaço totalmente vazio, onde ao fundo se via o pôr-do-sol maravilhoso com algumas estrelas, um pouco mais distante.
Achando-se completamente liberta e a flutuar foi voando no vazio desconhecido. Sentiu vontade de encontrar alguém e de comunicar com a pessoa que estivesse por trás de algum “avatar” que Alexpinheiro encontrasse. Sendo assim, ela travaria um primeiro conhecimento, algo bastante ansiado.
Mas avançando completamente no vazio e sempre acelerando, sem saber para onde ir, Alex continuava em grande velocidade, mas só ouvia o barulho que o vento fazia ao passar por ela e ela por ele. Era uma sensação de total liberdade... Só lá ao fundo continuava o pôr-do-Sol, que ia mudando, pouco a pouco, a sua tonalidade escurecendo e cedendo o seu lugar à Lua.

Chegava a hora, mais uma vez, de se desligar da sua segunda vida, que ainda era desconhecida, e se recolher, para o lugar de sempre, o seu quarto. Para descansar mais uma noite, de um dia recheado de vazios inexplicáveis, mas que ela arranjava, constantemente, alguma maneira de os preencher.

“Ninguém é igual a ninguém e todos nós somos seres únicos com as nossas virtudes e defeitos. São expressões bem conhecidas e verdadeiras. Sejam as diferenças grandes ou pequenas, as qualidades melhores ou piores, mas sempre existe a necessidade de demonstrar e viver com amor.

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