maio 10, 2011

Capítulo XIX

O mês de Abril passou-se chuvoso, como era costume, variando os dias, uns mais frios, outros mais agradáveis e optimistas. Foi, no último dia, que Alexandra recebeu uma desagradável notícia, que no fundo já era esperada: o seu irmão mais velho falecera, aos cinquenta e sete anos, nessa mesma madrugada, a causa foi um ataque cardíaco, o qual já padecia à algum tempo.
Acreditava, plenamente, na possibilidade de ele estar mais sossegado sem sofrimento algum e na companhia de seus pais. Porque não tinha outro remédio, senão o de aceitar essa decisão da vida, por mais que fosse uma tragédia dorida, o mistério permanecia…
É sempre difícil perder alguém, próximo, pois as lágrimas, a revolta e as questões permanecem constantemente, em nós e à nossa volta. O porquê, nunca nos deixa em paz, mas temos que aceitar essa decisão, pois é a escolha de Deus e só ELE sabe a resposta. Só ELE sabe o que será melhor para nós e o que nos ajudará a abrir as portas do paraíso, mas onde permanece esse paraíso? Será neste mundo? É possível, pois se até a certeza é incerta. Somente o amor, o que persiste nos nossos corações, existe para ser usado, dividido e sentido, talvez isto seja o próprio paraíso.

Rocky, ao saber desta tragédia e apercebendo-se da sua mágoa só pensou em distrai-la, convidando-a para irem juntamente às compras, deu-lhe dinheiro da SL, neste caso lidens, pois é a moeda desse programa, e ensinou-a a comprar, desde plantas a conjuntos de bolas de dança, para colocarem no jardim que ia construir.
- Queres aprender como se plantam flores?
- Claro que quero…
- Ora ainda bem, vou dar-te trabalho!
- Aceito, claro e se puder ser útil melhor ainda.
- Então vais ajudar-me a construir um jardim!
- Esta certo, quanto me pagas? Ah, ah, ah.
- Ah, ah… aí é assim!...
- Pois, ah, ah…
- Em aprendizagem, pode ser?
- Claro, estou a brincar, já me dás tanto…
Alex viu que Rocky passou alguns lidens para a sua conta, então disse-lhe:
- Mas que fazes? Eu disse isso a brincar, recuso-me a aceitar isto, nem sequer preciso!
- Eu sei, mas aceita, é pouquíssimo em dinheiro verdadeiro, e serve para quando precisares ou quiseres mudar de roupa.
- Esta bem, então considero isto como um empréstimo!
- Vai ser bom para te desenrascares…
- Ensina-me a lidar, também, com o dinheiro real! Porque eu quero reembolsar-te…
- Esquece isso, pensa só que é a paga dos poemas que me deste…
- Pronto está bem, como queiras… Sabes que sou mulher… por isso… compras é comigo, depois peço-te mais. Ah ah ah
- Pois, mas não abuses, depois vou à falência, ah ah ah.

Foi assim que Nyne e Rocky lhe arranjaram um espaço, numa das suas ilhas, um local para ela fazer um pequeno jardim, assim fez, simples e pequeno, mas suficiente para ela plantar flores de várias qualidades e cores. Comprou inclusive, cabelos compridos e roupas variadas, pois assim podia ir mudando o seu visual.
Nyne ensinou-lhe também, a maneira de construir um rio, algo que ela gostou de aprender, sem achar isso necessário à sua aprendizagem, pois achou fácil à forma de o fazer, o mais difícil estava no saber lidar com esse facto e na orientação do mesmo, algo que ela sabia e estava conscientemente lúcida.

O seu primeiro aniversário, na Second Life, chegou e os seus amigos quiseram fazer-lhe uma surpresa.
- Parabéns pelo teu primeiríssimo ano, aqui…
- Obrigada, não te esqueceste!
- Claro que não, que estas a fazer?
- A namorar, ah ah ah.
- Ai é? Ah, ah, ah, mas o namoro pode esperar!
- Pode mas porquê?
- Põe o vestido de princesa, aquele que o teu namorado te ofereceu, e vem dançar. Dizia-lhe o seu amigo em IM.
- Ah, ah, ah, não me apetece, estou tão bem aqui… Responde Alexandra desconfiada.
- Anda lá! Veste aquele teu vestido de Cinderela e vem, juntamente com ele. Insistia Nyne
- Mas para quê? Eu não quero festa!
- Mando já o táxi, ah, ah, ah, aceita o meu TP e vem!
- Pronto está bem, aí vou eu, com o Michel.
- Claro…
Passados dois minutos, estavam eles, no local onde sua amiga a chamou. Com o seu lindo vestido de princesa, encontraram-se no meio de mais uns quantos conhecidos, onde juntamente se divertiram, dançaram e conversaram, recebeu alguns presentes e até um lindo bolo lá permanecia, com a sua foto.

Quem apareceu, também na festa foi Ilária, a sua amiga italiana, para quem Alexandra tinha escrito, os sete contos para crianças, os que oferecera ao hospital pediátrico, do qual Ilária fazia parte. Alexandra empenhara-se nesse projecto, porque, além de lhe ter dado muito gozo e prazer, o ter entrado nessa magia, fê-lo com imensa vontade, porque sendo dedicado às crianças, era o maior, mais viável e mais lindo dos motivos. Agora esperava ansiosamente, pelo resultado, algo que valeu a pena e valerá, sempre.

Deixa a coragem evoluir e avançar, pois ela nunca estará sozinha, a esperança acompanha-a sempre...

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