maio 10, 2011

Capítulo VII

Os dias iam passando e Alexandra fazia alguns conhecimentos, sempre que encontrava alguém por perto. Pois já sabia adicioná-los, perfeitamente, à sua lista de amigos. Infelizmente, tudo isso se passou como a tinham avisado, muitos desses nomes já não existiam, fosse porque mudaram de avatar, de nome ou simplesmente desistiam deste programa.
Nos salões de baile que ia descobrindo sozinha ou acompanhada, ela reparava bem, em cada nome ou profile, verificando se eram linguagens que ela conhecia. Metia conversa com eles convidando-os para dançar, sempre que tinha a certeza de que falavam francês. Pois esse era o principal motivo de procurar os nomes dos avatares em línguas que lhe dissessem algo, como o Português e, também, o Francês. Por vezes a sorte sorria-lhe, e assim, Alexpinheiro descobria vários novos amigos, dos quatro cantos do mundo, pois a amizade é feita, unicamente, para partilhar.



A linguagem principal, desse programa era o Inglês, sendo um idioma pouco conhecido por si, falava apenas o suficiente para se desenrasca e fazer novas descobertas. Sem que isso a impedisse de travar certos e rápidos contactos.
O francês, como língua era dominado por si sem dificuldade. Pois, para quem passara a sua adolescência em Paris onde, inclusivamente estudou, não constituía problema algum. Alexandra sentia-se muito mais a vontade e mais segura, porque embora evitasse amizades para além desse programa, SL¬, tudo ficava mais fácil. Sem sentir a obrigação de revelar tal fardo, algo dificilmente aceitável, fosse por si mesma ou pelos outros.

Divertia-se bastante com algumas pessoas, ou melhor avatares, Alex ria-se com muita vontade quando se encontrava no meio de certas situações, um pouco embaraçosas, mas como ainda era principiante, não deixavam de ser engraçadas. Vivia outras, mais apaixonadas, pois evitava recusar, quando a convidavam para dançar ou para um passeio mais romântico recheado de poses de “kiss”. Pois era sempre uma óptima ocasião para conhecer melhor a própria SL e até as pessoas, na realidade, sim porque ali dentro, mesmo só trocando umas conversas banais, já se ficava a conhecer algo mais da pessoa em questão, fosse na maneira de comunicar ou no modo de vestir o avatar, pois tudo era relevante…







Alexandra sentia, um grande interesse em descobrir um pouco mais de cada pessoa, qualquer ser humano, porque embora sejamos todos iguais, cada um tem a sua diferença de ver e sentir.
Conforme os dias passavam, a amizade avançava entre alguns, e de maneira diferente em todos. Mas a curiosidade falava mais alto e ela achava engraçado e interessante ao mesmo tempo que murmurava rindo-se bastante:
- Ao menos aqui podemos aproveitar tudo, ninguém se conhece, nada é contagioso e nem existe o risco de engravidar nem sequer doenças transmissíveis.

No inicio dessa aventura, conheceu uma pessoa, um homem Belga, segundo o que ele lhe disse, simplesmente, porque a dúvida mora connosco. Nic era o seu nome, raramente entrava na SL, mas foi o suficiente para viverem uma breve e bonita relação. Quando Alexandra decidiu contar-lhe a verdade, essa mesma oportunidade evaporou-se, pois ele deixou simplesmente de aparecer. Ficou um pouco triste por ele ter desaparecido tão subitamente mas também aliviada, pois soube que não foi pelo motivo, que ela pensaria caso lhe tivesse contado. Fosse qual fosse a razão, ela unicamente, teria que a aceitar, pois qualquer decisão e em qualquer altura tinha lógica. Às vezes a vida real é insubstituível e, então, sentimos a obrigação de abdicar de todo o restante, algo normalíssimo…













Foi logo a seguir a esse episódio, que Alexandra entrou, nessa segunda vida, com outro avatar, por curiosidade, pois tinha sido desafiada sobre isso mesmo, então, sem resistir cedeu a mais esse desafio. Fora uma nova aventura, algo que não apreciou muito, porque além de nos dar, uma certa de privacidade, nalguns aspectos, também nos obrigava a mentir, ainda mais, era uma segunda personagem nessa segunda vida. Aventurava-se de vez em quando para, unicamente, descobrir novos lugares e amigos.
Evitava mentir, ou então omitia esse facto, pois ninguém era obrigado a dizer o que não quisesse. Mas na maioria das vezes, quando alguém a confrontava com algo, dizia o que pensava, o que sentia e o que achava sobre isso, pois algo que se dizia constantemente, era o ser sincera e quem desgostasse da verdade, paciência.
Todavia, os conhecimentos que ela fazia duravam pouco tempo, terminando logo de seguida. Talvez porque se notava bem que ela era mais uma novata e ninguém estava interessado em desperdiçar o seu precioso tempo com iniciados. Ou simplesmente, evitavam dar-se a conhecer. Mas ela não se importava, porque sabia que a “paciência era amiga da perfeição” e que “devagar se vai ao longe”. Por tudo isso, não havia preocupações... ela estava consciente que as maiorias das pessoas procuravam, esse programa, como uma fuga, onde se escapuliam para uma segunda vida. Por isso, cada um vivia a vida à sua maneira.

“Tudo podemos aperfeiçoar na vida: basta querermos e esforçarmo-nos, fazendo com que isso valha a pena.”

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