maio 10, 2011

Capítulo XIII

Alexandra estava decidida a engravidar, queria viver um pouco dessa experiência. Mas sem saber como, nem o que fazer dentro desse programa, achou preferível pedir conselhos e explicações a Nyne. Pois além de ser uma óptima amiga, tinha a prática e sabedoria necessárias.
- Ah, com que então queres gerar um filho!
- Pois, é verdade. Vai ser giro!
- Ah, ah, ah! E o pai, quem é?
- Não existe, serei mãe solteira. Já que nunca tive nenhum na vida real, vou tentar aqui, deve ser engraçado.
- Quanto a mim, é exactamente o contrário. Na realidade tive três filhotes e aqui não sei…
- Então vamos a isso! Eu serei a mãe e tu serás o pai, diz Alex ao rir-se com vontade.
- Ah, ah, ah! Vai ser giro, vai. Digo-te que desconheço isto mas, já agora, estou curiosa em desvendar este mistério...
- Que devo fazer para começar?
- Só sei que o primeiro passo consiste em comprar a barriga, depois verei…Vou informar-me melhor.
- Comprar? Pois, essa é que é a complicação… Não tenho dinheiro nem sei como onde o conseguir, por isso paciência, esquece… Respondeu Alexandra um pouco desiludida.
- Não, não vais desistir agora, estás proibida, além disso quero ver essa gravidez evoluir, isso não é problema, podes contar comigo seja para o que for.
- Está bem, obrigada amiga, e posso saber quando é que me vais engravidar? Pergunta Alexandra mais animada.
- Pois, ah, ah… quando for aí, claro, nós vamos comprar a barriga para o avatar, juntas.
Assim se cumpriu o acordo desejado: compraram juntamente a barriga na clínica e Alex ficou grávida. Durante a primeira semana, a gravidez não se notava, aliás como era normal... Somente as pequenas mensagens apareciam, de vez em quando, a informar o desenvolvimento do feto e a dizer o que deveria fazer. Lembra-se bem que passado mais alguns dias e, por casualidade, ela deixou de receber qualquer sinal ela perdeu a barriga de grávida, pois, então preocupadíssima e logo após presenciar a chegada da sua conselheira disse.

- Nyne, ajuda-me… Acho que abortei espontaneamente! Exclamou à sua amiga, em IM, logo que a viu entrar.
- Ah… o quê? Como arranjas-te isso?
- Não sei… só mudei de roupa, nada mais…
- Pronto, já sei… foi ao tirares a roupa, também tiraste a barriga, tens que fazer cuidado quando trocares de roupa.
- Mas não toquei em mais nada! Como é que isto aconteceu?
- Sabes que vestes a barriga como se fosse uma peça de roupa… e por isso quando mudares de roupa, ao tirares a que tens vestida, se clikares na barriga também a despes.
- Ah, ah, ah… então foi isso…
- Pois, só pode eh, eh.
- E eu a pensar que tinha abortado… ah, ah, ah.
- E abortaste… na “SL”, claro.
- E agora, que faço? Vou ter que comprar outra, ou posso reutilizar a mesma?
- Agora, temos que recomeçar… podes-me dar a tua palavra passe, se o preferires, e eu entro com o teu avatar e assim vejo qual a melhor solução!
- Sim claro, sempre é mais fácil!

Assim se passou o prometido, e uma semana depois Alexpinheiro estava novamente grávida.
Todas as semanas, durante dois meses, teve de mudar de barriga, pois, era o tempo necessário para decorrer a gravidez, nessa segunda vida. Cada semana aumentava um pouquinho de tamanho até parecia verdadeira. Comprou alguns vestidos de grávida, os quais, estavam optimamente bem-feitos, e sentia-se orgulhosa por ser a primeira avatar portuguesa a gerar um filho. Alex dizia-se contente, segura de si e vaidosa com aquela barriguinha de gravidez desejada. Sem ter que fazer, praticamente, nada de especial, ela continuava com a tarefa de desvendar mais novidades.
De vez em quando, aparecia-lhe uma mensagem, que dizia ser necessário descansar, facto que achava engraçado porque passeava e então fazia o que lhe mandavam, sentando-se. Outras vezes, a mensagem dizia para beber água e para comer, pois o corpo tinha a sensação de fome ou estava desidratado, precisando refrescar e concerteza, cedia, pois tinha as soluções para isso no seu inventário. Achava graça às semelhanças com a realidade.

Mas duas tardes depois, quando Alex clickou no “LM” local de sua casa, para a visitar novamente. Deparou-se apenas com o sítio, ela simplesmente tinha deixado de existir. Talvez, porque, raramente a visitava, agora tinha menos tempo, mas ainda bem, pois, sentia-se mais preenchida, com os conhecimentos que ia adquirindo, sejam as pessoas ou os belos lugares.
Continuava no mesmo lugar a pequena capela, por cima das rochas baloiçadas pelo mar. Algo que lhe indicava que era realmente aquele sitio, mas as casas tinham desaparecido.
- Já não tenho casa… Comunicou Alex a Nyne, um pouco tristonha, assim que a viu entrar.
- É verdade… mas deixa lá que não és a única, todas se foram até a minha, que era um pouco distante.
Sim, ela lembrava-se perfeitamente onde ficava, era um modelo parecido, ao seu, onde tinha estado, uma vez, juntamente com alguns amigos, comuns.
- Mas porquê? Não é justo! Dizia ela inconformada.
- Pois, mas isto é assim, precisavam do espaço para reconstruírem algo novo, compreendes?
- Sim, paciência…
- Mas deixa lá que vamos arranjar-te outra casa.
- Não vale a pena, também, para as vezes que a utilizo!
- Claro que vale e, então, agora que vais ser mamã…
- Eu arranjei um amigo que tem casa, aqui na SL, e deu-me ordem de me servir dela sempre que precisar, claro…
- Ai é, esse felizardo é português?
- Não, é francês… eh, eh, eh…
- Claro só podia, eh, eh! E vai ser o futuro papá?
- Pois, e tenho mais dois candidatos!
- Eh lá, três pais para um bebé que ainda não nasceu?
- Eh, eh… isso tudo, já viste bem, par quem não tinha nenhum… agora tenho por onde escolher…
- Sim, sim, estou a ver, desenrascaste-te bem eh, eh …
- Saí cá uma galdéria! No bom sentido ah, ah, ah.
- Pois ah, ah.
Foi uma conversa que começou com uma decepção mas acabou com uma grande alegria.

Nesta vida tudo faz sentido…
O preço da alegria tem muito mais valor quando existem tristezas…
A felicidade só é realizável se for a paga da decepção…
Por isso não desesperes, pois o teu dia chegara.

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