maio 10, 2011

Capítulo V

Mais uma segunda-feira chegava ao fim, pois já fazia duas semanas que não sabia absolutamente nada, das pessoas que lhe abriram o apetite por esta nova possibilidade.
Ela tinha curiosidade de saber qual o verdadeiro motivo desse afastamento ou o porquê deles desistirem daquilo que começaram, mas, no dia seguinte soube a razão:
Eles haviam cancelado esse projecto, simplesmente porque não acharam ninguém naquela casa que correspondesse aos seus objectivos. Ou, talvez, encontrassem somente o desinteresse na única pessoa capaz de o cumprir, ou seja ela.
Deste modo, Alexandra ficou sabedora da verdade. E, um pouco decepcionada, seguiu em direcção ao seu sítio preferido. Assim, desiludida consigo própria refugiou-se junto do seu computador. Pois era o local onde se sentia melhor, apesar de todas as suas frustrações, pensou um pouco em tudo aquilo, afirmando: Simplesmente porque não se mostrou suficientemente interessada em fazer parte desse mundo, iria, assim, perder essa maravilhosa sensação da descoberta?!
Após essa desagradável noticia e, sem duvidar mais, resolveu: - Tudo está nas minhas mãos, o dar asas ao meu sonho só depende de mim!...

Acelerava, errante no vazio, mesmo sem ver nenhum sinal de nada nem ninguém. Avançava cada vez mais rápido e tentava acalmar um pouco a sua revolta. Nesse seu caminho solitário, onde o nada permanecia, ela continuava, quando se deu conta que tinha perdido as roupas e o cabelo.
Então, sorrindo para si própria, deixou de voar e obedecendo à sua primeira reacção, foi descendo muito devagar por cima do mar, afundando-se naquilo que parecia água e, poisando debaixo dela, dizia-se em pensamento:
- Ah, ah, ah… se alguma pessoa me visse agora nesta linda figura, que vergonha!... Ainda bem que neste lugar permaneço incógnita. Pois aqui é complicado alguém me encontrar. Realmente, que constrangimento e que espectáculo mais parvo!... Comentava Alexandra para si mesmo ao rir-se sozinha.
Mas quando, subitamente, deu uns passos em frente reparou que os seus cabelos renasceram e, rapidamente, eles voltaram à normalidade. Então sorrindo mais uma vez, pensou em como tudo seria bem melhor se na vida real houvesse uma possibilidade semelhante…
Ou talvez não, talvez a vida ficasse ainda mais baralhada: a felicidade perderia o seu valor verdadeiro e o ensejo de novas descobertas deixariam de fazer sentido. No fundo, tudo ficaria deveras medíocre e isso traria somente desvantagens, onde tudo seria muito mais complicado. Porque a banalidade traria cada vez mais problemas e dificuldades.
Ela viu que no seu inventário existiam vários acessórios, peças ou símbolos. Alguns deles estavam representados por desenhos, por isso sabia que era roupa, mas outros não. Ia descobrindo pouco a pouco, aliás, como todo o resto…

Matutando nesse problema, a noite passou, mas logo na manhã seguinte, o procedimento foi idêntico, Alexandra, já se sentia atraída pelo seu avatar, Alexpinheiro. Então, sem resistir à sua ansiedade interior, deixou a vontade exprimir-se, o acaso preenchê-la e a novidade comandar... Após ter partilhado esse acontecimento com algumas pessoas, as quais também elas se riram do sucedido. Ela deu-se conta que afinal viveu esse capítulo como se fosse real: sentindo-se envergonhada e desconfortável.
Renasceu novamente no fundo do mar, ainda chegou a pensar na possibilidade de reaparecer vestida, mas... enganou-se. E escondida de qualquer olhar alheio, ali continuava ela e ao mesmo tempo comunicando ao pensamento:
- Não existe nenhuma razão para me sentir envergonhada. Afinal de contas, quem está ali é só mais uma figura no meio de milhares existentes neste mundo ilusório. Apesar de naquela imagem não morar nenhum tipo de sensações, os sentimentos existem sim, mas dentro de cada ser humano que comanda esta ficção…

Alex levantou-se novamente, num pequeno voo e avançou junto à superfície da água do mar. Então viu, um pouquinho mais à frente, algo que sobressaia dessas águas e, lentamente, se mostrava com mais pormenor - uma linda ilha. Cercada de um verde mesclado, devido a algumas folhas já secas e também várias flores cresciam juntando-se ao castanho claro da areia.

Ao chegar a esse lugar, como continuava nua, experimentou “clikar” ou pressionar o dedo em cima de uma tecla. Não sabia exactamente quais as suas funções, mas lembrava vagamente de que funcionava também para se vestir.
Depois de tentar e conseguir assim um dos objectivos desejados, deparou-se com umas cuecas brancas vestidas. Respirou fundo mas verificou que não era o seu bikini cor-de-rosa. Porém, não tinha importância, pelo menos o desconforto já era bem menor…
Avançou sobre a paisagem e em direcção à imagem que se encontrava um pouco mais à frente. O nome que estava escrito por cima do avatar, defronte dela, parecia português e feminino. Então, sem hesitar, Alex fez o primeiro contacto:
- Olá, bons dias! Escreveu ela.
- Bom-dia! Tudo bem? Perguntou a outra pessoa e continuando disse: andas por aí quase nua, pois até tens um peito bonito e estamos na praia. Alexandra sorriu ao ouvir essas palavras, que mais pareciam um elogio dirigido à sua imagem.
- Estou aqui há quase um mês, mas ainda não sei praticamente nada. Além disso ando perdida.
- Ah! Isso é algo perfeitamente normal, acontece com todos nós, os novatos da SL. Não desesperes, vamos aprendendo pouco a pouco. Com calma e paciência tudo se consegue. Agora vou dar-te algumas peças de roupa, assim podes ir mudando.
Alex aceitou e agradeceu as ofertas e trocaram mais algumas palavras de amizade. Reparou, entretanto, que a outra avatar seguiu o seu caminho, desaparecendo da sua visão.

Alegra-te, sempre que encontrares uma barreira no teu caminho, algures existirá uma passagem…

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