maio 10, 2011

Capítulo XV

Foi a dançar com Bertrand que Alexpinheiro passou a meia-noite do dia trinta e um de Dezembro do ano 2007 para o dia um de Janeiro de 2008, ou melhor, a passagem de ano. A que, devido à diferença de horário, sendo de uma hora na vida real, e como era Suiço, esse detalhe era bem visível, ou seja, como era noite de festa, a diferença notava-se perfeitamente, pois existiam poucas pessoas conectadas nesse programa.
Vinte e três horas portuguesas, ainda tinha tempo de dançar e conversar mais um pouco com ele, a seguir iria brindar ao novo ano, com alguns amigos.

Alexandra ia-se encontrando também, com Michel, nas poucas vezes que ele se conectava e quando as oportunidades, entre os dois, surgiam. Alex lembra-se perfeitamente da tarde em que o conheceu, foi num jardim repleto de neve ou, melhor, nas nuvens onde as bolas com as várias posições de dança, ali permaneciam. Sendo um sitio maravilhoso e indefinido estava muito bem feito com uma música suave, árvores de luz, uma pista de gelo, onde patinaram juntos, até havia cavalos e um arco-íris.
Foi depois de avistar o nome, o qual deveria ser francês, que Alex lhe perguntou, directamente nessa língua, se queria dançar, ao que ele respondeu:
- Gostaria sim, mas estou à espera de uma pessoa que deve estar a chegar. Desculpa.
- Está bem, mas enquanto esperas, podes vir dançar? Prometo que te solto, quando ela chegar! Diz Alex achando-se um pouco atrevida mas contente pela sinceridade que ele transmitiu.
- Ah, ah, ah, se é assim, porque não?
Desse modo, envolveram-se numa dança e numa agradável conversa trocando seus contactos. Mas essa encantadora troca de palavras durou muito pouco tempo, ele despediu-se de Alexpinheiro, desaparecendo de seguida.


Alexandra conheceu, também, nessa época uma pessoa italiana, “Ilária” nome do seu avatar, sem ser muito comum, nesse programa, fazer amizades com mulheres, ela gostou muito de a conhecer. Além de ser alguém da mesma idade tinha um grande coração. Lembra-se ainda da noite em que a conheceu:
- Quero-te apresentar uma pessoa especial, acho que vais gostar dela. Disse-lhe o seu amigo Rocky.
- Sim, eu estou sempre disponível para fazer novas amizades. Por isso quando puderes, é só dizeres.
- Então combinado, logo assim que ela estiver online e disponível, eu chamo-te.

E assim Rocky apresentou-as. Sendo Ilaria italiana e falando bem inglês e francês, e Alexpinheiro portuguesa, mas falando francês, por essa razão, comunicavam nessa língua, pois facilitava a comunicação entre as duas.
- Eu sei que escreves, por isso, e como já li uns poemas teus, os quais gostei, queria fazer-te uma proposta.
- Claro… podes perguntar o que quiseres, eu estou disposta a tudo, ou quase, ah, ah, ah.
- Ah, ah, ah, está bem, então aqui vai… gostarias de escrever para crianças?
- Eu? Para te ser sincera sempre sonhei com isso, mas é difícil, ainda mais neste país, que só se interessa pela quantidade sem dar valor ao que vem do coração.
- Eu passo a explicar-te… estou encarregada de um hospital de crianças necessitadas, e como mandei pintar os muros, desse hospital com ilustrações, desenhadas por pintores profissionais, gostaria de fazer pequenas histórias, também, mas como eu não tenho jeito, para escrever, nem encontrei, ainda, ninguém interessado em fazer isso, pensei em ti…
- Obrigada por pensares em mim, deve ser giro… que pena, ainda não teres conseguido…
- Pois é! Queria tanto fazer isto para as crianças... Será que posso contar contigo, que me dizes?
- Eu pessoalmente, digo-te que sim, vou adorar, mas quanto ao resto… vai ser complicado…
- O resto, não te preocupes, deixa comigo! Eu sei como fazer, podes escrever em francês que eu traduzo.
- Então, óptimo, está bem, vou já começar a procurar ideias e fazer o meu melhor!
- O principal foi tu concordares com esta minha proposta.
- Claro que concordo… além de ficar muito orgulhosa de escrever para crianças, quero também aproveitar esta oportunidade que me ofereces!
- Agradeço-te por teres dito que sim!
- E eu digo-te obrigada por acreditares em mim!
- Claro que acredito em tudo o que vem do coração! E acho que o teu é grande e valioso.
- Obrigada! Mas acho que o teu também é… respondeu Alexandra emocionada e com uma lágrima a querer mostrar-se, no canto do olho.
- Vai valer a pena…
- Então, vamos a isso, acho que não te vais arrepender por me dares a tua confiança.

Alexandra ficou tão feliz com mais esta nova oportunidade que se dedicou logo à procura de ideias para as pequenas histórias. E assim, no espaço de um mês já tinha escrito, quatro pequenos contos, os quais lhe enviou por correio electrónico. Também já tinha pensado no título do livro que sendo para crianças estava perfeito “Uma história para cada dia da semana.”
Achava a situação, em que se encontrava, deveras engraçada e bonita, pois estava grávida, na “Second Life”, e ao mesmo tempo, escrevia para crianças reais, na primeira vida.

Muitas vezes, ficamos tão absorvidas com os grandes acontecimentos, que nos esquecemos do que é essencial…

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